Estrangeiros com alma colorada
Ao longo dos mais de 100 anos de história do Internacional milhares
de jogadores vestiram, com orgulho, a camisa colorada. E mesmo não sendo
brasileiros e torcedores do Clube do Povo desde criança, muitos deles
encarnaram a garra alvirrubra e viraram ídolos da torcida. Hoje, três
atletas vindos de países vizinhos têm essa identificação com o torcedor e
mostram orgulho em vestir o manto colorado: D’Alessandro, Dátolo e
Forlán.
D'Alessandro
Andrés Nicolás D’Alessandro é um dos exemplos dessa empatia com o
Clube e os colorados. Logo que chegou, no dia 30 de julho de 2008, foi
recebido com muita festa antes da partida contra o Santos pelo
Brasileirão. A estreia, 14 dias depois, foi em Gre-Nal e, mesmo sem
marcar gol, D’Ale já caiu nas graças do torcedor por toda dedicação
mostrada em campo. “Eu sempre digo que tu até podes jogar mal, porque
ninguém trabalha bem todos os dias. A gente tenta fazer o melhor, mas
tem dias em que não acorda bem, porém dedicação e doação dentro de campo
nunca podem faltar”, ressalta o craque.
Passados quase cinco anos e com sete títulos conquistados, o jogador
sabe que fez a escolha certa quando decidiu vestir a camisa colorada.
“Nunca pensei em jogar no Brasil, e hoje dou graças a Deus de ter vindo
para um clube tão grande e que me fez chegar a um nível da carreira que
nunca imaginei chegar, conquistando a Sul-Americana, a Libertadores, a
Recopa, o Campeonato Gaúcho”, lembra o ídolo argentino. “Não tenho
dúvidas que, junto com o River, que me revelou, o Inter é o time mais
importante da minha carreira por tudo que vivi aqui”, reforça.
Homem Gre-Nal
Em 210 jogos pelo Inter, D’Ale acumula 45 gols. Desses, seis têm um
gosto especial, porque foram marcados no maior clássico do futebol
gaúcho. Por essa razão, o atleta passou a ser conhecido como Homem
Gre-Nal e conta qual foi o que mais lhe marcou: “Lembro quase todos, mas
o Gre-Nal dos 4 a 1 foi inesquecível. Fazer um gol, ter a família no
estádio, o jeito que aconteceu”, recorda, em referência à goleada no
Campeonato Brasileiro de 2008 em que marcou o primeiro gol e participou
dos outros três.
Meia tem ligação especial com o clássico Gre-Nal
Bom humor
Em março um vídeo produzido pela TV Inter a pedido dos jogadores fez
imenso sucesso junto aos torcedores. Nele, os atletas colorados entravam
no ritmo do Harlem Shake, que virou hit mundial e ganhou coreografias
de equipes dos mais diversos esportes. Na versão colorada, lá está
D’Alessandro usando uma fantasia de Capitão Nascimento e fazendo alusão
ao fato de ser o capitão da equipe de Dunga. “Fiquei parado (risos), mas
eu sou assim, tento ser divertido, engraçado”, brinca o atleta, que
mesmo bancando o sério no clipe divertiu todo mundo.
Identificação com crianças
Quem vê o jogador brigador dentro de campo, que olha feio para os
adversários, talvez não perceba que, fora das quatro linhas, há um ser
humano com um coração enorme e de grande identificação especialmente com
as crianças. Nas saídas dos treinamentos elas se aglomeram para pedir
autógrafo e tirar fotos com o ídolo. Pai de Martino e Santina, D’Ale
retribui com muito carinho. “Eu gosto de ficar perto do torcedor, e
quando se trata de criança o carinho é ainda maior, natural. A criança é
verdadeira.”
Responsabilidade
Hoje bem-sucedido, El Cabezón não esquece a família e tenta passar
bons exemplos ao irmão Marcelo, mais novo. Foi para ele que montou um
bar em Buenos Aires, pois acha que mesmo tendo condições de sustentar
todos, é necessário mostrar o valor do trabalho. “É preciso saber que as
coisas não acontecem de graça, que a gente tem que batalhar muito pra
conseguir o que quer”, destaca. E é mostrando exemplos assim, dentro e
fora de campo, que D’Ale conquista cada vez mais fãs e marca seu nome no
futebol, especialmente do Internacional.
Forlán
A cena se repete com frequência a cada gol do atacante colorado. Da
intermediária, da entrada da área, próximo à marca do pênalti, de
primeira, por cobertura ou de pênalti. A cada comemoração, Diego Forlán
parte em direção às câmeras de televisão com as mãos juntas, no formato
de um “p”. O gesto é uma homenagem à namorada, a estudante uruguaia de
23 anos Paz Cardoso.
Atacante entra para a história do Gauchão
Um jogador predestinado ao sucesso, Diego Forlán alcançou mais um
feito na sua carreira. Eleito o melhor atleta da Copa de 2010 e goleador
da Europa pelo Villarreal e Atlético de Madrid nas temporadas 2004/2005
e 2008/2009, o atacante uruguaio foi um dos principais destaques da
conquista do tricampeonato e termina a disputa como artilheiro do
Gauchão, com nove gols marcados em 13 jogos.
O camisa 7 do Inter também escreveu o seu nome na história do futebol
gaúcho, já que desde o início da década de 1940 que um estrangeiro não
alcançava a artilharia. O último havia sido o também colorado e
argentino Villalba. Vale destacar que o vice-artillheiro do Gauchão 2013
é Leandro Damião, autor de oito gols. Nas duas últimas edições do
campeonato estadual, ele havia sido o goleador (17 gols em 2011 e 11 em
2012).
Atacante colocou seu nome entre os estrangeiros que fizeram história no Gauchão
Uruguaio se destaca com gols e assistências
Artilheiro do Inter em 2013 e do Gauchão, Forlán é referência técnica
do ataque de Dunga. Além dos 10 gols marcados nesta temporada, o
atacante é o vice-líder de assistências, com quatro passes que
resultaram em gols. Mais do que isso: é referência técnica dentro do
grupo, inspirando e motivando os mais jovens a seguir sua trajetória de
sucesso no futebol. Recentemente, o atacante Caio revelou que se espelha
no uruguaio: "Ele bate como ninguém na bola com as duas pernas. Fico
olhando nos treinamentos", conta.
Embaixador da UNICEF
Em 2005, Forlán foi nomeado Embaixador da UNICEF Uruguai. Entre suas
funções, o atacante dedica muito tempo para eventos cuja finalidade é
promover e arrecadar fundos para meninos, meninas e adolescentes menos
favorecidos de todo o mundo.
Dátolo
Dátolo em ação pelo Inter no Gauchão deste ano
O argentino Jésus Dátolo foi apresentado como jogador do
Internacional no dia 26 de janeiro de 2012. O meia-atacante, que
pertencia ao Espanyol, de Barcelona, deixou a Europa e assinou contrato
de três temporadas com o Colorado. Já na sua estreia, no dia 2 de
fevereiro, marcou o primeiro gol pelo Inter, no empate em 2 a 2 com o
Grêmio. Dátolo também foi o destaque da premiação que elegeu os melhores
do Gauchão 2012 – além de estar na seleção do campeonato como melhor
meia, o jogador do Inter foi eleito o craque da disputa. Mas algumas
lesões atrapalharam a boa sequência de Dátolo. Em junho de 2012 foi
submetido a um procedimento cirúrgico para corrigir um problema no púbis
que o incomodava desde maio. Em agosto, já totalmente recuperado,
voltou a ficar à disposição. Em fevereiro deste ano, uma lesão muscular o
afastou dos gramados por mais de um mês, e atualmente trata de uma pancada no tornozelo.
A trajetória
O futebol entrou de vez na vida do argentino aos cinco anos, quando
começou a jogar em um time de bairro em Buenos Aires. Aos 11, passou
para as categorias de base do Banfield, e aos 17 chegou ao time
profissional. Foi o caminho que o levou, quatro anos depois, a jogar num
clube que o atleta tem grande identificação, o Boca Juniors. Atuando
como titular da tradicional equipe do futebol argentino, conquistou o
título da Libertadores, em 2007. No futebol europeu, teve passagem pelo
Napoli, da Itália, pelo Olympiakos, da Grécia e pelo Espanyol , da
Espanha. Em 2009, defendeu por duas vezes a Seleção Argentina, onde
sonha voltar a jogar. Muito determinado, declara que sempre teve o
pensamento e a atitude de quem chegaria a ser jogador de futebol
profissional. “Nunca pensei em outra coisa. Se nascesse de novo, seria
jogador de futebol. Estudei, terminei meus estudos. Mas nunca pensei em
seguir outra profissão”, afirma o meia.
Em nome de Jesús
Dátolo pertence à uma família de futebolistas, uma vez que o pai e os
irmãos se destacaram no esporte amador. O irmão Martín já declarou ser
melhor jogador que Jesús, e atribui ao peso do nome bíblico o sucesso
alcançado. O meia não desmente: “Que ele joga melhor que eu é verdade.
Mas ele não teve a sorte de ter dinheiro para comprar chuteira e
passagem de ônibus que eu tive”. Dátolo relembra que foi graças a sua
mãe que recebeu o nome – já grávida, teve a inspiração assistindo a um
filme de Natal e se impôs ao pai, que preferia que o filho fosse chamado
de Jonathan. “Não sei se me ajudou. A fé de cada um ajuda, não o nome.
Se tu tem fé, as coisas sempre acontecem”., afirma. O fervoroso craque
se orgulha de ter um Papa argentino e acredita que isso vai tornar a
Argentina e a América do Sul mais conhecidas no mundo.
Com seu companheiro e conterrâneo D'Alessandro
Em Porto Alegre
Após uma decisão muito difícil de deixar o importante futebol europeu
para retornar ao futebol sul-americano, Dátolo afirma ter feito uma boa
escolha. “Me sinto em casa, como se estivesse em Buenos Aires”. Os
costumes gaúchos, parecidos aos dos hermanos, ajudaram na adaptação,
assim como o carinho da torcida e a convivência com os outros
estrangeiros do grupo. “Fazemos várias coisas juntos. Este ano temos um
grande grupo dentro e fora de campo e nos reunimos para comer
churrascos. São todos muito queridos”, conta. Nas horas livres, o novo
divertimento de Jesús é pescar no Rio Guaíba, além de ir aos shoppings
da capital gaúcha e a shows musicais. Outro hobby do jogador é cozinhar.
“Quando chego em casa, após os jogos que são à tarde, gosto de ir
direto pra cozinha. É a melhor forma pra relaxar”, conta o filho da Dona
Guilhermina, que cozinhava para fora e passou seus conhecimentos desde
cedo. Além de aprender com sua mãe, aperfeiçoou-se na adolescência. Como
tinha nove irmãos, “para conseguir as coisas que queria”, trabalhou
como entregador de pizza e auxiliar de cozinha.
O que o jogador não gosta da capital dos gaúchos é também motivo de
desagrado de muitos locais: o trânsito. “É complicado. Quando chove para
tudo”. Já em outro ponto, Dátolo se rendeu a um consenso geral: a
beleza da mulher gaúcha. Carina, 32 anos, é a nova namorada do
argentino. “Ela é tranquila, só posso falar dela, mas no geral acho que
as gaúchas são bem temperamentais. Nos damos bem e o importante é ser
feliz, porque se tu escolheu alguém, é para ser feliz”, declara Jesús,
que também afirma que gosta de ter seu espaço, mas prefere
relacionamentos sérios.
Vaidade e futebol
Dátolo confessa ser vaidoso e muito longe de considerar isso um
pecado. “Sempre fui vaidoso. Talvez seja algo meu, do meu DNA. E sempre
quis ser um grande jogador de futebol, desde pequeno. Então, como a
primeira impressão que se tem é de como a pessoa está vestida, acho
importante cuidar da imagem e do estilo”. Mas, tem muito mais do que a
cuidadosa aparência por trás de um vencedor e ele conta seus segredos
com muita simplicidade: “A única fórmula para um jogador de futebol dar
certo, atualmente, é treinar muito, cuidar-se e comer bem. Essa é a
ferramenta para o triunfo. Sou muito exigente comigo mesmo. Acho que a
vida é isso: lutar. Independente se tu fores jogador de futebol ou tiver
outra profissão, tu tens que lutar.”
Fonte: www.internacional.com.br
Fonte: www.internacional.com.br
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