segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rumo aos 200 Jogos: D'Alessandro



Quando me deparei com essa reportagem, pensei : "Nossa, o Alexandre conseguiu expressar tudo que sinto, e que penso sobre o D'Ale." Resolvi então colocar em destaque e homenagear o profissional, repórter, e sempre bem informado, Alexandre Ernst. Obrigada!





"– O Inter é refém de apenas um nome atualmente. E esse nome é Andrés Nicolás D'Alessandro.


A frase acima foi dita por um dirigente do Inter após a primeira derrota da equipe em 2013, para o Lajeadense, 1 a 0 no Estádio do Vale. Claro, a palavra "refém" é uma metáfora. Jamais as (boas e más) atuações do líder e capitão de Dunga seriam vistas de forma depreciativa, como se o camisa 10 jogasse quando quer e, com isso, ditasse o futuro do Inter na temporada. A expressão exemplifica a representatividade do argentino, 199 jogos com a camisa colorada, para um grupo _ e uma torcida _ que se acostumou a ver um gringo disciplinado, aguerrido e extremamente competitivo.


– Ele incendeia a partida. Às vezes, cinco minutos basta – completou o diretor.







O torcedor deve ter perdido a conta de quantos "cinco minutos" já existiram desde que El Cabezón foi apresentado no Beira-Rio, em 2008. Maior e mais cara contratação da história recente do Inter, o craque da seleção argentina desembarcou na Capital dia 31 de julho trazido pelo presidente Vitorio Piffero e o assessor de futebol Fernando Carvalho. Estreou 13 dias depois _ empate em Gre-Nal válido pela Sul-Americana. Se entrar em campo contra o Cruzeiro, domingo, no Complexo Esportivo da Ulbra, em Canoas, atingirá a marca histórica de 200 partidas pelo clube. No grupo atual, apenas Índio defendeu o Inter mais vezes _ 365 jogos.


– É um jogador que caiu nas graças da torcida, um cara super profissional, um dos melhores com os quais já trabalhei – diz Fernando Carvalho. – Não imaginávamos que se tornaria o ídolo em que se transformou. Hoje, ele é um porto-alegrense.







Carvalho sabe o que fala. Na primeira oportunidade em que falou com o jogador, em Buenos Aires, quando defendia o San Lorenzo, puxou D'Alessandro para uma conversa reservada. Explicou as regras impostas no Beira-Rio, como as coisas funcionavam por aqui, a rivalidade Gre-Nal, os projetos do clube para os próximos anos. Que as informações sobre o D'Alessandro jogador eram excelentes. O que preocupava Carvalho era a fama de ser um atleta de relacionamento difícil. Ouviu do meia a seguinte resposta:


– Vou lhe mostrar que não sou assim.


E mostrou. Maior salário do clube, protagonista das principais conquistas dos últimos anos, D'Alessandro desdenha da condição de estrela. É um dos primeiros a chegar no CT do Parque Gigante. Treina com a intensidade dos 90 minutos de uma partida. Dedica-se. Gesticula. Chama a atenção dos companheiros sobre questões táticas. E toma a palavra nos momentos de decisão.

– Ele é altamente competitivo, cobra excelência, quer ganhar sempre. Não aceita quem não se doe 100% – aponta o técnico Dunga.


Em janeiro do ano passado, D'Alessandro foi tentado pelos milhões do Shanghai Shenhua. Em meio ao início da Copa Libertadores, o clube chinês fez uma proposta pelo astro. Na época, com o euro valorizado, o valor ultrapassava os R$ 16 milhões. O Inter renegociou o contrato e acertou a continuidade do argentino até 2015. Volte e meia, a imprensa argentina noticia que o River Plate, clube que defendeu dos 10 aos 22 anos, teria sondado D'Alessandro. Os colorados, tremem. Os argentinos, vibram. Mas D'Alessandro segue no Beira-Rio. E a camisa 10, de tempos em tempos, muda de número. 50, 100, 150, 200...



                                                                


A estreia e o Gre-Nal:Na descrição do próprio D'Alessandro, o Gre-Nal se trata de uma rivalidade acima do normal. Maior que Boca Juniors e River Plate, dois dos maiores clubes da Argentina. Com a camisa 15, mesma que o consagrou na seleção de seu país, El Cabezón estreou em 13 de agosto de 2008, na fogueira de um clássico válido pela Copa Sul-Americana, que o Inter viria a ser campeão quatro meses depois. Ainda desentrosado e sem as melhores condições de jogo, teve atuação discreta. Ainda assim, conseguiu mostrar um toque de bola de qualidade. Em sua quinta temporada no Inter, são catorze clássicos e seis gols.

– É um meia-armador na sua essência, cerebral, de muita qualidade técnica – disse o técnico Tite a respeito de D'Ale após a estreia.


Sul-Americana: o primeiro título! Não foi fácil a primeira conquista de D'Alessandro pelo Inter. Após passar pelo rival Grêmio e do figurão Boca Juniors, o time de Tite enfrentou um Estudiantes disciplinado taticamente, com jogadores do quilate de Verón, Sánchez e Benítez, para sagrar-se campeão. O meia marcou dois gols contra o Chivas na campanha invicta e que cravou na história colorada a expressão "Campeão de Tudo", referente aos títulos em campeonatos que o Inter já disputou. Ao final da decisão no Beira-Rio, dia 3 de dezembro de 2008, D'Alessandro chorou ao ser ovacionado pela torcida e companheiros:

– Não tenho palavras para dizer o que sinto neste momento.


A Copa do Brasil de 2009: D'Alessandro perdeu a cabeça na final contra o Corinthians na Copa do Brasil de 2009. O Inter havia marcado o segundo gol, os paulistas estavam em vantagem pelo saldo qualificado, e a cera do volante Christian irritou o argentino. Acabou expulso e partiu para cima de William, punhos cerrados, braços armados chamando o zagueiro para a briga. Ao final da partida, mais calmo, declarou que estava em dívida com a torcida e que iria brigar novamente, mas pelo título brasileiro de 2009.


2010: a redenção na Libertadores e o título de melhor da América! A conquista do bi da América passou pelos pés e pela genialidade de D'Alessandro. Apesar de não ter feito gols na competição, assumiu a condição de camisa 10 e foi o maestro do título diante do Chivas Guadalajara na final dentro do Beira-Rio. O ano de 2010 seria ainda mais importante para D'Alessandro ao conquistar o título de melhor jogador da América, eleição do jornal uruguaio El País, uma das mais sérias do continente.

– É um dos prêmios mais importantes da minha carreira. Serviu para fechar um ano muito bom – declarou o jogador.


Mundial e o Mazembe: Talvez o pior momento de D'Alessandro com a camisa do Inter, a derrota para o Mazembe no Mundial em Abu Dhabi impediu que o meia argentino fechasse 2010 com láureas, eternizado (ainda mais) na história do Inter. Com atuação comum, sem o brilho mostrado nos confrontos da Libertadores, D'Ale e a equipe de Celso Roth sucumbiram diante do campeão africano. Era a primeira vez que uma final de Mundial não era feita pelos campeões da América e da Europa.


Recopa 2011: O título da Recopa contra o Independiente mostrou um D'Alessandro como os colorados estão acostumados: um jogador de raça, técnica apurada e chute potente com a perna esquerda. Ao lado de Leandro Damião, foi um dos personagens importantes da conquista do bicampeonato da Recopa.

– É impressionante. Cada ano um título. Não sei como explicar. Cheguei aqui há três anos e conseguimos todos os títulos: Recopa, Sul-Americana e Libertadores – festejou o argentino em agosto de 2011.


Gauchão 2012: comandante do título! O Inter havia sido eliminado da Libertadores pelo Fluminense, D'Alessandro voltava de uma lesão na coxa esquerda. Com apenas 45 minutos em campo, o argentino mudou o ritmo do Inter na final contra o Caxias, no Beira-Rio. Entrou em campo e realizou uma das principais atuações com a 10 do time colorado.


2012: a China, as lesões e Fernandão: A temporada passada foi difícil para D'Alessandro. Em janeiro, uma proposta do futebol chinês seduziu o argentino a ponto de ele quase deixar o Beira-Rio. O meia disse não ao Shanghai Shenhua, recebeu uma compensação financeira e seguiu no Inter. Foi um ano em que as lesões deixaram o jogador no departamento médico em momentos importantes da Libertadores e do Brasileirão. D'Alessandro atuou em apenas 47,82% dos jogos do Inter na temporada: foram 33 das 69 partidas com apenas três gols e sete assistências. Ao final do ano, com a relação estremecida com o técnico Fernandão e uma sequência de derrotas para Náutico, Ponte Preta, Corinthians e Portuguesa, esbravejou contra as vaias da torcida:


– Eu pulo da barca... não tem problema nenhum. Minha vida não acaba aqui.



A Estreia: 13/08/2008 (Inter 1x1 Grêmio/Copa Sul-Americana)
O jogo de número 10 _ Coritiba 4 X 2 Inter - 4/10/2008 - Brasileirão
O jogo de número 50 _ Inter 1 x 1 Atlético-PR - 10/10/2009 - Brasileirão
O jogo de número 100 _ Inter 1 x 0 Vasco da Gama - 19/09/2010 - Brasileirão
O jogo de número 150 _ Figueirense 1 x 1 Inter - 21/09/2011 - Brasileirão
O jogo de número 200 _ Cruzeiro-POA x Inter - 17/2/2013


Títulos pelo Inter:Copa Sul-Americana (2008)
Copa Suruga (2009)
Copa Libertadores (2010)
Recopa Sul-Americana (2011)
Campeonatos Gaúchos (2009, 2011 e 2012)


Títulos pela Seleção Argentina:Campeonato Mundial Sub-20 (2001)
Jogos Olímpicos (2004) "


Fonte: Alexandre Ernst



alexandre.ersnt@zerohora.com.br









0 comentários:

Postar um comentário